De forma rápida, o valor do dólar isso pode ser visto de duas formas:

#1- O dólar se desvalorizou:

Após tomar uma posição de sanções perante a Rússia, houve um sério problema em relação às commodities que vinham de lá, coisas como isso fez o dólar ter uma queda por uma instabilidade econômica e países que não tem tomaram posição no conflito ainda podem negociar com ambos os lados.

#2- O real se valorizou:

O que é algo possível, mas não é comum que ocorresse de forma tão positiva. Pelo fato de o Brasil ainda não ter tomado posição, ele é um dos países menos afetados economicamente pelo conflito.

O Brasil é um dos países com mais commodities, que são recursos primários de origem agropecuária ou de extração mineral ou vegetal, produzidos em larga escala mundial.

Commodities e o mercado brasileiro

Os principais commodity são divididos em 4 grupos:

  • Agrícola: Laranja, Açúcar, Algodão, Milho, Trigo e entre outros;
  • Mineral: Ferro, Minério, Ouro, Prata, Níquel e entre outros;
  • Financeiro: Dólar, Real, Euro, Títulos públicos;
  • Recursos energéticos: Petróleo; Gás natural; Eletricidade; Carvão mineral.

O dólar hoje (26/03) atingiu o menor valor em R$ 4,74, o menor valor em mais de dois anos. Ou seja, durante toda a pandemia, esse é o menor valor do dólar.

Com o real tendo uma maior credibilidade no mercado financeiro por possuir esses commodities e não estar envolvido com a guerra na Ucrânia, os investidores, vindos de fora do país, estão tendo uma maior confiança no real.

Com isso, o valor da moeda sobe. Hoje em dia o real foi a moeda que mais se valorizou.

Poderá faltar commodities no mundo: Brasil será um dos menos afetados

Com um conflito ainda que indireto entre os EUA e a Rússia, é provável que no mercado global comece a faltar commodities.

Ou seja, poucos países serão capazes de se manter de forma saudável com o aumento do custo de produtos importados.

O Brasil, porém, será um dos menos afetados, pois ele hoje produz quase todas as commodities e é uma das maiores exportadoras.

Sendo assim, é possível que o real se valorize ainda mais, por consequência, o dólar poderá cair um pouco mais.

Euro

Se comparado com o dólar, o euro também caiu pelo terceiro dia consecutivo, saindo de uma baixa de 20 meses na semana passada se comparada com o dólar.

Isso alimentou as apostas de que o Banco Central Europeu poderia aumentar as taxas de juros mais cedo do que o esperado. O que fez o valor do euro subir em relação ao dólar.

Euro vs Real

Se o euro também subiu em relação ao dólar, por que ele abaixou perante o real?

Essa é uma ótima pergunta. A resposta é porque o real valorizou mais do que o euro. Ou seja, em comparação com a moeda mais forte, o dólar, ambas ficaram mais fortes.

Porém, o Brasil se valorizou ainda mais, o que fez com que o valor do euro também caísse aqui.

Na última quarta-feira, a autoridade monetária elevou sua taxa básica de juros em um ponto percentual, para 11,75%, pela nona vez consecutiva em um ano, diante das pressões inflacionárias agravadas pela guerra na Ucrânia.

“Graças ao aumento dos preços das commodities (…) provavelmente veremos uma piora ainda maior das expectativas de inflação”, segundo um dos representantes do FED (sistema de bancos centrais dos EUA).

Com isso, poderá ocorrer uma valorização ainda maior do preço do real, pois como dito anteriormente, o Brasil exporta quase todas as commodities e isso poderá fazer com que sejamos pouco afetados por esse conflito Rússia x EUA (embargos).

O que esperar do real?

E o real é hoje a vigésima moeda mais negociada no mundo e a segunda moeda mais negociada na América Latina, atrás apenas do peso mexicano.

Porém, com esse aumento da confiança no valor da moeda, é possível que ela se torne a mais negociada na América Latina.

Vale lembrar que dos países latinos, somos o maior em tamanho, produção e quantidade de commodities produzidas.

Embora em outros momentos isso não afetasse tanto, agora, em um momento de crise, isso é o que nos garante uma posição excelente.

Somos hoje um dos poucos países que não tomaram partido e que podem se manter em negociação com os dois lados.

O embargo americano à Rússia começará a dar resultado brevemente e isso atingirá fortemente os EUA, e isso poderá fazer o dólar despencar ainda mais.

Quanto mais neutro o Brasil se manter e quanto mais imposições os americanos fizerem, mais investidores verão o Brasil como uma opção e mais o valor do real aumentará.

Dólar comercial e turismo

Embora o dólar tenha caído muito, esse valor é apenas em comércio de grandes quantias, principalmente em commodities, o valor de dólar para negociações e para compras é o dólar turismo.

O valor de dólar turismo é o que é vendido pelas casas de câmbio para pessoas físicas, e ele custa um pouco mais.

Se você deseja investir no dólar, não é recomendado você comprar e ter que pagar este valor. O recomendado é você investir em produtos americanos na bolsa, seja renda fixa, tesouro americano ou FII.

O dólar americano pode entrar em colapso?

Existem alguns cenários que podem causar uma crise repentina para o dólar. A mais realista é a dupla ameaça de inflação alta e uma dívida interna alta.

Com isso o Fed (sistema de bancos americanos) pode aumentar as taxas de juros. E hoje, existe uma grande parte da dívida nacional americana que é composta por instrumentos de curto prazo.

Portanto, um aumento nas taxas funcionaria como uma hipoteca de taxa ajustável após um certo período. O que poderia gerar uma crise ainda maior.

Se os EUA entrassem em uma recessão ou depressão acentuada, como em 2008, sem arrastar o resto do mundo com ela, os usuários poderiam deixar o dólar.

Outra opção envolveria alguma grande potência, como a China ou a Rússia restabelecer um padrão baseado em commodities e monopolizando o espaço monetário de reserva, pois essas grandes negociações são em dólar.

Imagina se um país grande como a Rússia ou a China utilizasse as suas próprias moedas para fazer transferência entre si, tirando assim o dólar da jogada e o tornando uma moeda inegociável com eles.

Isso poderia gerar uma grande crise dentro dos Estados Unidos e fazer o valor do dólar despencar ainda mais.

No entanto, mesmo nesses cenários, não está claro que o dólar necessariamente entraria em colapso.